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Imperava imponente. Centro de tudo. Dona da casa. Luz própria. Encantamento. Todos os olhos para si. Guardadora de todos os desejos. Senhora de todos os pensamentos. Era alívio. Alimento. Alicerce. Prazer. Até o dia em que alguém puxou a tomada...
Agora apenas o desânimo
-talvez não o desânimo-
mas o cansaço.
Uma vontade de me enrolar feito serpente
e afundar a cabeça para dentro.
Mergulhar onde ninguém pode chegar.
Estou sempre me explicando,
e procurando explicações.
Sempre pensando,
Sempre atrasada,
Sempre lendo,
Sempre saindo,
Sempre chegando
Sempre- a carona, a comida, os papéis, a faxina, o documento, a resposta, o dinheiro, o compromisso, a reunião, a roupa de cama, os gatos, o sapato, a blusa, o casaco, a sombrinha, as chaves, o relógio, o celular, o roubo, o carro, as contas,a garagem, o prazo, a lâmpada, a pressa, a bronca, a raiva, o grito, o medo, a tristeza, a angústia, a demora, a dúvida!
Sempre, sempre, sempre...
Mas o que desejo não é o nunca .
Desejo silêncio e o nada
Respirar o nada,
Transpirar o nada,
O nada ,
por enquanto...
partes de mim espalhadas pelo chão e pelo ar...
estou cercada,
procurando reconhecer os pedaços que flutuam ao meu redor.
onde, entre todos esses retalhos estão os meus desejos?
quais são as minhas dores?
que sorriso é o meu?
o que devo recolher ?
e o que libertar, deixar esvanecer?
com calma saio em meu socorro
a fim de encontrar quem eu sou...