quinta-feira, 10 de setembro de 2009

quero o nada

Auguste Rodin



Agora apenas o desânimo

-talvez não o desânimo-

mas o cansaço.

Uma vontade de me enrolar feito serpente

e afundar a cabeça para dentro.

Mergulhar onde ninguém pode chegar.

Estou sempre me explicando,

e procurando explicações.

Sempre pensando,

Sempre atrasada,

Sempre lendo,

Sempre saindo,

Sempre chegando

Sempre- a carona, a comida, os papéis, a faxina, o documento, a resposta, o dinheiro, o compromisso, a reunião, a roupa de cama, os gatos, o sapato, a blusa, o casaco, a sombrinha, as chaves, o relógio, o celular, o roubo, o carro, as contas,a garagem, o prazo, a lâmpada, a pressa, a bronca, a raiva, o grito, o medo, a tristeza, a angústia, a demora, a dúvida!

Sempre, sempre, sempre...

Mas o que desejo não é o nunca .

Desejo silêncio e o nada

Respirar o nada,

Transpirar o nada,

O nada ,

por enquanto...





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